Preso palestino contraiu Hepatite C na
clínica da prisão israelense
(Da redação do Comitê Brasileiro de Apoio aos Presos Políticos Palestinos em Israel, com informações da Associação Addameer de Apoio aos Presos e de Direitos Humanos)
Thaer Halahleh, de Hebron, é um
detento de 34 anos e fez parte de campanha de greve de fome, tática
de comoção política que tem surtido algum resultado, mas,
infelizmente, trazido muitos problemas de saúde aos prisioneiros
palestinos. Mas não é somente devido às greves de fome que
detentos tiveram a saúde debilitada. E para Halahleh, além de lidar
com a greve de fome, a situação tornou-se ainda pior. Segundo o
advogado da Associação Addameer de Apoio aos Presos e de Direitos
Humanos, Ziad Fares, o prisioneiro contraiu hepatite C em decorrência
de negligência médica por parte do sistema prisional.
Thaer teria dito a seu advogado que ele
contraiu essa doença durante o interrogatório na prisão de
Askalan, e que desde então vem sofrendo com dores no peito,
estômago, nos dentes, nas costas e, especialmente, nos rins. A ele
só foi concedido a visita de um médico após quinze dias de
interrogatório contínuo, 24 horas por dia. Nesta ocasião , um
dentista realizou a extração de um dente da parte superior esquerda
molar, e foi administrado com grande variedade e quantidade de
medicamentos para a lesão.
O preso revelou que, durante a sua
extração dentária, o dentista usou ferramentas médicas não
estéreis, e que ele podia ver os traços de sangue nas ferramentas.
A hepatite C é uma doença infecciosa que pode ser transmitida via
equipamentos médicos não-estéreis, do mesmo modo como Halahleh
acredita que tenha contraído a doença.
O palestino ainda acrescentou que foi
transferido para a prisão de Ofer, em 8 de maio de 2013, quando
então encontrou o médico que lhe deu os resultados dos testes
realizados na prisão de Askalan, que indicavam a hepatite.
Agora, além das dores nas costas, dos
problemas dentários e oftalmológicos, Halahleh foi informado de que
se a hepatite não for devidamente tratada, a doença poderia levá-lo
à morte.
O médico recomendou que seu filho e
sua esposa realizem o teste de Hepatue, a fim de confirmar que não
sofrem da mesma doença e de que a responsabilidade é do sistema
prisional israelense, caso seja comprovado que a transmissão tenha
ocorrido durante o período de detenção .
De acordo com Halahleh , ele não
estava sujeito a qualquer lesão ou exame de sangue que poderia ter
transmitido o infecção, exceto para a operação dental,
procedimento o qual não foi realizado com equipamento estéreis.
Atualmente, ele não recebe o
medicamento que necessita para impedir que a hepatite se alstre pelo
organismo. Durante sua prisão, Halahleh relata que as forças de
ocupação israelenses (IOF) invadiram sua casa no dia 08 de abril
de 2013, por volta de 1 da madrugada. O procedimento para a prisão
foi extremamente brutal. Ele foi severamente espancado,
perfurado várias vezes em seu olho esquerdo e atingido em todas as
partes de seu corpo na frente de sua esposa e filhos. Os soldados o
arrastaram para fora de casa, quando vendaram seus olhos e
algemaram braços e pernas . Halahleh ainda teria sido agredido
novamente antes de entrar no veículo militar. Dois soldados
seguravam seus braços e batiam a cabeça de Halahleh contra o vídro
do veículo. Em seguida, colocaram-no dentro do veículo militar e o
levaram para o centro de detenção de Beit El. Chegaram ao centro de
detenção por volta das 2h30. Lançaram o detido no chão e o
abandonaram no frio até 7h.
O detido também foi submetido a
agressões e ameaças, quando soldados diziam que haviam pensado em
matá-lo. Depois das 7h Halahleh foi transferido para o centro de
detenção de Al-Moskobiyeh, em Jerusalém. Durante a transferência,
eles dirigiram muito rapidamente e parava de repente, a fim de fazer
Halahleh cair dentro do carro. Ao ouvir os pedidos de Halahleh para
que cessassem e desistissem, os soldados riam e o insultavam. Quando
chegaram em Al-Moskobiyeh, Halahleh foi agredido novamente.
Halahleh acrescentou que ele passou
dois dias em Al -Moskobiyeh e foi então transferido para a prisão
de Askalan, onde foi imediatamente levado ao interrogatório. Ele foi
mantido em interrogatório continuo, 24 horas por dia, dia e noite
. Durante este tempo, a ele foi dado periodicamente apenas 10
minutos para comer e descansar. Toda vez em que ele caía no sono
durante o interrogatório, como resultado de sua fadiga extrema, o
interrogador o acordava gritando e batendo na mesa.
É importante notar que Thaer Halahleh
foi libertado anteriormente, há 10 meses atrás, depois de realizar
uma greve de fome contínua durante 77 dias em protesto contra a sua
detenção administrativa.
Ele é casado e tem uma filha
(Lamar), de 2 anos. Seu advogado, Fares Ziyad, acrescentou que
Halahleh será levado perante o tribunal militar de Ofer em 27 de
Maio de 2013.
A Addameer denuncia o descaso
lamentável e a negligência médica deliberada médica a que Thaer
Halahleh tem sido submetido, bem como a tortura cruel e sistemática
que ele vem sofrendo nas mãos dos soldados israelenses e
interrogadores. A Addameer exige que as Nações Unidas, a Cruz
Vermelha Internacional e a Organização Mundial de Saúde intervenha
imediatamente em nome dos prisioneiros doentes e investiguem a
natureza de suas doenças, bem como as condições de suas
detenções. A Addameer apela ainda para que haja pressão sobre o
Estado ocupante a fim de acabar com a política de negligência
médica nas prisões israelenses
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