Forças israelenses iniciam campanha de
detenções arbitrárias contra profissionais da comunicação na
Cisjordânia e Jerusalém; vários
foram alvos de
tiros enquanto cobriam manifestações
A Associação
Addameer de Direitos Humanos e Apoio aos Prisioneiros está profundamente preocupada
com o crescente número de detenções de jornalistas e profissionais da área de
comunicação na Cisjordânia e Jerusalém, especialmente desde o início deste ano,
com registros de inúmeros casos de detenção sem acusação clara e específica, o
que revela um processo de encarceramento arbitrário com o intuito de silenciar
a veiculação de notícias da cobertura jornalística da atual situação na
Palestina e de ferir a liberdade de expressão.
A Addameer registrou 13 casos de prisão de jornalistas em cárceres israelenses. A maioria deles foi presa neste ano, sendo que seis jornalistas foram detidos durante os três primeiros meses deste ano, enquanto, no ano passado, foram presos dois.
Há o caso
também de um jornalista mantido sob prisão domiciliar na cidade de Jerusalém, e
que segue proibido de entrar na Cisjordânia.
A seguir, cronologicamente, estão os nomes dos jornalistas detidos em
prisões israelenses:
1. Yasin Abu Khadir, de Shuafat / Jerusalém. É o mais antigo jornalista palestino detido em prisões israelenses. Foi preso em 27/12/1987 e enfrenta uma pena de 28 anos. Ele trabalhava no jornal Al-Quds.
2. Mahmoud Issa, de Anata / Jerusalém. Foi preso em 06/03/1993 e enfrenta três
penas de prisão perpétua e 41 anos. Ele estava trabalhando no jornal Alhaq e Alhoriya,
editadas em territórios palestinos ocupados de 1948.
3. Mohammed Taj, de Tubas / Jenin. Detido desde 19/11/2003 e condenado a 14
anos de prisão. Ele trabalhou como escritor e jornalista na Frente pela
Libertação da Palestina.
4. Ahmed El Saifi, de Birzeit / Ramallah. Era estudante da Universidade de
Birzeit, onde cursava jornalismo. Foi preso em 19/8/2009 e condenado a 19 anos
de prisão.
5. Amer Abu Arfa, de Hebron. Detento administrativo desde 20/08/2011, sem acusação ou julgamento formal. Trabalhava como correpondente da Agência Shihab.
6. Sharif Rajoub, de Hebron. Detido desde 06/03/2012 e aguardando julgamento. Ele trabalhava na rádio Sawt Al-Aqsa, em Hebron.
7. Murad Abu Baha, de Ramallah. Detido desde 15/06/2012. Segue aguardando julgamento. Ele trabalhava como assessor de imprensa do Conselho Legislativo, em Ramallah.
8. Annan Ajawi, de Haja / Jenin. Tem 28 anos e foi preso em 16/01/2013, quando
estava retornando de sua viagem ao Egito. Segue detido sem acusação ou
julgamento formal. Ele trabalhava como jornalista em diversas instituições.
9. Mohamed Saba'na, de Qabatiya / Jenin. Preso em 17/02/2013 durante seu retorno da Jordânia. Ele segue em prisão preventiva até que a investigações sejam finalizadas. Mohamed Saba’na é cartunista.
10. Musab Shawar, de Hebron. Foi preso em 25/02/2013 e até o momento preso sem acusação ou formal. Ele trabalhava na rádio Hebron, como apresentador em programa que abordava a situação dos prisioneiros palestinos.
11. Bakr Attili, de Nablus. Tem 27 anos e foi preso em 06/03/2013. Segue
detido sem acusação ou julgamento formal. Ele trabalhava como fotógrafo e produtor
independente de muitos canais de televisão.
12. Tareq Abu Zeid, de Jenin. Foi preso em 08/03/2013 e segue em prisão preventiva até que as investigações sejam finalizadas. Ele trabalhava como correspondente da TV Al-Aqsa.
13. Walid Khaled, de Sakaka / Salfit. Foi preso em 10/03/2013 e segue em prisão
preventiva até que as investigações sejam finalizadas. Ele era o diretor do
jornal Palestina Hoje.
Vale ressaltar que o jornalista Rasim
Obeidat segue proibido de entrar em áreas
da Cisjordânia desde 30/01/2012,
sem justificativas claras e específicas para este impedimento. É
importante frisar que tal proibição é uma violação das leis
e convenções sobre liberdade dos
jornalistas e da exerção plena de seu trabalho.
Além das dificuldades do
trabalho dos jornalistas que atuam sob duras condições para cobrir fatos no território palestino ocupado,
observa-se que existem severas restrições impostas pelos soldados da ocupação, além da violência contra
jornalistas e fotógrafos ao impedi-los
de exercer o seu trabalho para a transmissão dos acontecimentos a nível
internacional.
Lembramos aqui as lesões
sofridas pelo fotojornalista Atta E'oissat e o jornalista Mahfouz Abu Turk as
forças israelenses dispararam bombas de gás lacrimogêneo
e balas de borracha na cidade ocupada
de Jerusalém. E que no dia 08/03, o
fotógrafo Haitham Khatib foi atingido diretamente por bombas e o fotojornalista Jihad El
Kadi foi baleado no abdômen enquanto
cobriam os confrontos no
checkpoint de Ofer, perto de
Ramallah.
A Associação Addameer condena fortemente a perseguição
contínua praticada pelo exército israelense contra as jornalistas e repórteres. Tal prática que constitui uma clara violação dos direitos humanos
e legais e profissionais é um flagrante a violação de todas as leis, normas e convenções internacionais que garantem a
liberdade de opinião e de expressão.
A Addameer também acredita que a
detenção arbitrária de e a violência contra jornalistas
palestinos fazem parte de uma política sistemática que
visa calar os meios de comunicação palestinos.
Por fim, a Addameer lamenta o silêncio das instituições internacionais em relação à
situação dos jornalistas palestinos, às prisões e
perseguição direta, e pede pressão
das autoridades e organizações de Direitos Humanos para exigir
a libertação imediata dos jornalistas e profissionais de
mídia detidos em cárceres israelenses.
Cade os Direitos Humanos, a ONU não se posicionou a favor da soltura desses jornalistas Palestinos?
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